domingo, 30 de dezembro de 2012

Joaquim dos Santos na historiografia musical IIa

Outra das poucas referências ao compositor Joaquim Gonçalves dos Santos [J. S.] que se possam encontrar em publicações portuguesas de conteúdo historiográfico sobre música portuguesa encontra-se na Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, no Tomo 4 (P-Z), sob a direcção de Salwa Castelo-Branco, editada na colecção Temas e Debates do Círculo de Leitores, Julho de 2010 (1ª edição).
Na página 1174 encontramos a entrada sobre a vida e obra de J. S., a qual nos merece alguns reparos, já que apresenta pouca informação, sendo esta muito básica e insuficiente para analisar qualquer aspecto da vida e muito menos da obra do compositor cabeceirense, a qual passo a completar (ver negrito):

 - Não refere em parte alguma que foi Padre, levando-nos a deduzir que, por ter estudado em seminários, obrigatoriamente tenha seguido uma vida eclesiástica. Compreendemos que, logo no Tomo 1 se explique que "Não são utilizados títulos como «tenente», «padre», «Dr.», etc." por nos parecer uma questão de coerência, para não ferir susceptibilidades e, principalmente, por ser uma publicação inserida num trabalho académico científico rigoroso (não entrando no muito português costume de referir por tudo e por nada todos os graus académicos, num país tão habituado a que todos sejam tratados por «Sr. Doutor», «Sr. Engenheiro»). No entanto, não invalida que a sua referência seja feita a posteriori, no final da entrada, como é disso exemplo a entrada sobre Tomás Borba, onde no final aparece uma nota na qual consta que "A par da sua actividade académica exerceu durante toda a sua vida o múnus eclesiástico".
Não fora o contacto directo com Manuel Faria [M. F.] no Seminário de Braga e J. S. nunca teria seguido um caminho de prática da arte musical, caminho esse que o ajudou a prosseguir com ânimo o do sacerdócio.

 - Falta referir o local de falecimento: Moimenta, localidade de Cavez, concelho de Cabeceiras de Basto

 - Os seminários de Braga são 3: o menor, o de S. Tiago e o conciliar de Braga, cursando respectivamente: Humanidades, Filosofia e Teologia

 - Cursou em Roma - Instituto de Música Sacra - órgão, musicologia e paleografia gregoriana e fez o curso de direcção e interpretação polifónica no Conservatório de Santa Cecília

 - Ensinou e dirigiu coros em Roma, tal como em Portugal

 - Está ligado à Nova Revista de Música Sacra desde a sua criação (1971), fazendo parte do grupo dos fundadores, ao lado, por exemplo, de M. F. . A listagem dos cânticos publicados nesta revista está incompleta, sendo que não há referência a obras já editadas pelo autor, em Portugal e em Roma

 - Falta referir que também em 1971 se torna responsável pela direcção da Banda Filarmónica Cabeceirense, informação imprescindível para perceber o porquê de tanta música composta (e arranjos) para banda. O agora oficial Hino de Cabeceiras de Basto, um canto cuja versão final tem letra do Padre Valdemar Gonçalves e música do Padre Dr. Joaquim dos Santos, advém desse ligação à banda

 - Falta referir onde se encontra o espólio: o que está a ser digitalizado e catalogado, tal como a biblioteca privada do compositor, elementos que são muitas vezes referidos noutras entradas desta enciclopédia 

 - Falta referir como bibliografia um trabalho científico, a tese de Carla Simões: "Joaquim Santos - Um compositor no panorama musical português contemporâneo". Departamento de Expressões Artísticas e Educação Física. Instituto de Estudos da Criança. Universidade do Minho. Braga - 2000.

 - Falta referir como obra literária esta separata

 - Falta referir que deu aulas na Escola Superior de Educação de Fafe e fazer uma referência ao ensino das disciplinas de educação musical e de educação moral e religião católica nas escolas preparatórias, onde tirou a profissionalização em serviço

 - Para se poder perceber um pouco melhor a abrangência das fontes de inspiração para os diferentes estilos e formas musicais empregues, falta referir que tanto em música de câmara como música sinfónica e, principalmente, coral, J. S. inspirou-se em textos de Fernando Pessoa mas também de Miguel Torga, Sebastião da Gama e Matilde Rosa Araújo, citando escritores preferidos portugueses

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