domingo, 30 de dezembro de 2012

Joaquim dos Santos na historiografia musical IIb

  •  O Pior é o último parágrafo: 
"A sua música, onde confluem vários estilos, no geral de linguagem moderadamente moderna, teve uma divulgação sobretudo regional."

Esta frase não quer dizer rigorosamente nada, quer sobre a forma, o estilo, a inserção numa determinada escola, tendência estética ou época histórica., senão vejamos:
"(...) onde confluem vários estilos"
 - Quais?

Sendo Joaquim dos Santos [J. S.] o discípulo dilecto de Manuel Faria [M. F.] e tendo aquele seguido os passos deste nos estudos em Roma, veio assim a tomar conhecimento de práticas e ideias musicais que influenciaram o percurso do seu mestre. Exemplo disso é a audição e o estudo de obras fundamentais e caraterizadoras da renovação da escola italiana pós-verismo, como o são as de Gofredo Petrassi, Luigi Dellapiccola, Alfredo Casella e Gian Francesco Malipiero.
Mas se da Itália teve estas influências, outras vieram do contacto que adveio da sua passagem pela Alemanha e pelo estudo da música de Franck Martin depois do Maestro Ernest Ansermet lhe tecer elogiosas críticas.
Noutra perspectiva e de acordo com João Duque "Possivelmente por ter crescido numa família em que o som da flauta acompanhava o dia-a-dia; talvez por essa infância ter decorrido num dos recantos mais bucólicos do Minho; talvez também pelas influências musicais de outros compositores (com saliência para Stravinsky), é especialmente exemplar o seu tratamento dos sopros. Por um lado, salienta-se a mestria com que introduz e combina os metais, que demonstra uma convivência de décadas, através da prática de direcção de bandas; por outro lado, sobressai sobretudo a beleza bucólica e simultaneamente arrojada com que joga com as madeiras, em continuação pessoal e inovadora de passagens típicas de Stravinsky. Ritmicamente, para além do compositor russo, é clara a influência de Britten, que também deixou a sua marca em certa predilecção pela percussão."
E mais em próximos artigos será escrito e dissertado.
Será que por aqueles compositores italianos referidos terem sido influenciados mas não terem sido submissos de forma dogmática e histriónica na vanguarda advinda da Segunda Escola de Viena (Schönberg, Berg, Webern), serão, assim, designados por "moderadamente modernos" quando, na verdade, temos Casella como responsável pela secção italiana dessa mesma Sociedade em 1923, juntamente com D'Annunzio e Malipiero até à 2ª Guerra Mundial; temos Dallapicolla a retomar o fulgor da Sociedade Internacional da Música Contemporânea em Itália no pós-Guerra e temos Petrassi a presidente mundial desta associação entre 1954-56, será isto coerente? Sendo, aliás, esta associação a que deu a conhecer por toda a Europa o que de mais recente, inovador e mais influente se fazia e pensava na música daquela época.

Será a sua "música (...) no geral linguagem moderadamente moderna" por ter tido estas influências e por nunca ter escrito e apresentado música electrónica na senda de Stockhausen?
Por certo por não ter tido a preocupação de fazer algo só para estar na moda dos "compositores da vanguarda, naquilo que João de Freitas Branco (1964) referia como a «pathetic fallacy» do compositor-herói que muitas vezes parece ser ainda a tónica dominante (que expressão tão infeliz, mas enfim tão usada) na musicologia portuguesa e/ou internacional.
"Moderadamente moderna" porque se inseriu na «política do espírito» preconizada por António Ferro no Secretariado de Propaganda Nacional (posteriormente Secretariado Nacional de Informação)? Nada mais falso, já que mesmo fazendo parte do clero, da hierarquia da Igreja Católica, em nada participava no conluio, na aceitação ou neutralidade (dependendo do ponto de vista) que existiu entre Igreja e Estado durante o regime de «Estado Novo». J. S. esteve sempre, por decisão própria, fora dessas preocupações e desses temas, sem interesse sequer para pensar nisso.

"A sua música (...) teve uma divulgação sobretudo regional."

Esta ideia apresenta-nos um conhecimento desactualizado da quantidade de produção e de apresentação da música de J. S. a nível nacional e internacional.
Para o tempo mais recente, Manuel Pedro Ferreira - o autor desta entrada sobre o compositor celoricense - refere que "1995 em diante, [J. S.] compôs também partituras para orquestra."
É preciso referir que a partir de meados da década de 90 J. S. tem encomendas para as comemorações henriquinas de 1994 - no 6º Centenário do nascimento do Infante D. Henrique - e para a Expo 98, sem contar com as obras compostas no 1º decénio dos anos 2000.
A profusão de obras encomendadas por particulares, músicos interessados em interpretar as suas obras, é muito grande. As gravações em Roma também, tal como o início da apresentação em primeira audição de várias obras mais antigas tanto em Itália como na Alemanha, em Espanha e em Portugal.
Se houve espaço e tempo para sobre os primeiros anos de 2000 os elementos desta enciclopédia dissertarem, e bem, sobre acontecimentos cimeiros da nossa vida musical a todos os níveis, então haveria que tentar actualizar ao máximo as informações respeitantes aos mais diversos instrumentistas, compositores e grupos musicais, até porque Manuel Pedro Ferreira é a mesma pessoa que apresenta outros dados aqui, para nosso espanto.

Joaquim dos Santos na historiografia musical IIa

Outra das poucas referências ao compositor Joaquim Gonçalves dos Santos [J. S.] que se possam encontrar em publicações portuguesas de conteúdo historiográfico sobre música portuguesa encontra-se na Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, no Tomo 4 (P-Z), sob a direcção de Salwa Castelo-Branco, editada na colecção Temas e Debates do Círculo de Leitores, Julho de 2010 (1ª edição).
Na página 1174 encontramos a entrada sobre a vida e obra de J. S., a qual nos merece alguns reparos, já que apresenta pouca informação, sendo esta muito básica e insuficiente para analisar qualquer aspecto da vida e muito menos da obra do compositor cabeceirense, a qual passo a completar (ver negrito):

 - Não refere em parte alguma que foi Padre, levando-nos a deduzir que, por ter estudado em seminários, obrigatoriamente tenha seguido uma vida eclesiástica. Compreendemos que, logo no Tomo 1 se explique que "Não são utilizados títulos como «tenente», «padre», «Dr.», etc." por nos parecer uma questão de coerência, para não ferir susceptibilidades e, principalmente, por ser uma publicação inserida num trabalho académico científico rigoroso (não entrando no muito português costume de referir por tudo e por nada todos os graus académicos, num país tão habituado a que todos sejam tratados por «Sr. Doutor», «Sr. Engenheiro»). No entanto, não invalida que a sua referência seja feita a posteriori, no final da entrada, como é disso exemplo a entrada sobre Tomás Borba, onde no final aparece uma nota na qual consta que "A par da sua actividade académica exerceu durante toda a sua vida o múnus eclesiástico".
Não fora o contacto directo com Manuel Faria [M. F.] no Seminário de Braga e J. S. nunca teria seguido um caminho de prática da arte musical, caminho esse que o ajudou a prosseguir com ânimo o do sacerdócio.

 - Falta referir o local de falecimento: Moimenta, localidade de Cavez, concelho de Cabeceiras de Basto

 - Os seminários de Braga são 3: o menor, o de S. Tiago e o conciliar de Braga, cursando respectivamente: Humanidades, Filosofia e Teologia

 - Cursou em Roma - Instituto de Música Sacra - órgão, musicologia e paleografia gregoriana e fez o curso de direcção e interpretação polifónica no Conservatório de Santa Cecília

 - Ensinou e dirigiu coros em Roma, tal como em Portugal

 - Está ligado à Nova Revista de Música Sacra desde a sua criação (1971), fazendo parte do grupo dos fundadores, ao lado, por exemplo, de M. F. . A listagem dos cânticos publicados nesta revista está incompleta, sendo que não há referência a obras já editadas pelo autor, em Portugal e em Roma

 - Falta referir que também em 1971 se torna responsável pela direcção da Banda Filarmónica Cabeceirense, informação imprescindível para perceber o porquê de tanta música composta (e arranjos) para banda. O agora oficial Hino de Cabeceiras de Basto, um canto cuja versão final tem letra do Padre Valdemar Gonçalves e música do Padre Dr. Joaquim dos Santos, advém desse ligação à banda

 - Falta referir onde se encontra o espólio: o que está a ser digitalizado e catalogado, tal como a biblioteca privada do compositor, elementos que são muitas vezes referidos noutras entradas desta enciclopédia 

 - Falta referir como bibliografia um trabalho científico, a tese de Carla Simões: "Joaquim Santos - Um compositor no panorama musical português contemporâneo". Departamento de Expressões Artísticas e Educação Física. Instituto de Estudos da Criança. Universidade do Minho. Braga - 2000.

 - Falta referir como obra literária esta separata

 - Falta referir que deu aulas na Escola Superior de Educação de Fafe e fazer uma referência ao ensino das disciplinas de educação musical e de educação moral e religião católica nas escolas preparatórias, onde tirou a profissionalização em serviço

 - Para se poder perceber um pouco melhor a abrangência das fontes de inspiração para os diferentes estilos e formas musicais empregues, falta referir que tanto em música de câmara como música sinfónica e, principalmente, coral, J. S. inspirou-se em textos de Fernando Pessoa mas também de Miguel Torga, Sebastião da Gama e Matilde Rosa Araújo, citando escritores preferidos portugueses

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Subsídios para uma palestra III

De acordo com o que foi referido nesta tertúlia, passamos, sem demoras, a dar alguns exemplos musicais como informação complementar.
Espero que gostem e que vos despertem a atenção!


Hino Nacional da República de Portugal - Letra de Alfredo Keil
- Referência à ópera e ao cântico que nos distingue e representa em toda a parte de forma mais institucional

Requiem à Memória de Luís de Camões - João Domingos Bomtempo
- Contextualização da produção erudita de escola clássica até final século XIX

"A Serrana" - Alfredo Keil
- A necessidade e vontade de escrever ópera em Portuguêsem ruptura com tradição italianizante

Sinfonia à Pátria - Vianna da Motta
- A viragem do século XIX para XX - o Romantismo alemão

24 Prelúdios - Fernando Lopes-Graça
- Pegando na ordem harmónica usada por Frédéric Chopin nos seus 24 prelúdios (como que homenageando uma espécie de romantismo), e até "imitando" algumas características de pathos de algumas tonalidades, Lopes-Graça expõe o seu pensamento nacional e insere-se na estética de uma das suas influências, Béla Bártok

Acordai - Música de Fernando Lopes-Graça, Letra de José Gomes Ferreira
- Exemplo de cânticos cantados por prisioneiros políticos, proletários e demais gente do nosso humo nacional; referência política de esquerda; canção de protesto e de intervenção
- Interpretado por um grupo do Porto, demonstrando a grande vitalidade constante nos últimos decénios na Cidade Invicta

- O folclore português; a sua primeira obra

Salmo I - Joaquim Gonçalves dos Santos
- O tema da minha tese de mestrado
- A não dissociação entre o ser eclesiástico e a sua obra musical
- O poder da palavra como sugestão estética de imagens musicais e seu ponto de partida

Tormenta - Joaquim Gonçalves dos Santos
- Miguel Torga e o tema do Mar
- Escritores nacionais da sua predilecção: Miguel Torga, Sebastião da Gama, Matilde Rosa Araújo

Exemplos vários de outras músicas retratadas pelo meu amigo José Almeida:

Proliferação de Hinos
Jorge Peixinho, a música electrónica e a contestação política através da música
Período pós 25 de Abril:
Fado:  
- Carlos do Carmo o seu melhor intérprete
- Música brasileira que conflui nas origens e no sentimento português de saudade mística
Música electrónica portuguesa


Não esquecer o papel importante do mpmp, através da revista Glosas.
Uma revista que vale a pena ter.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Joaquim dos Santos na historiografia musical

Foi com alguma surpresa e bastante agrado que descobri uma das poucas referências ao compositor Joaquim Gonçalves dos Santos [J. S.] que se possam encontrar em publicações portuguesas de conteúdo historiográfico sobre música portuguesa e que, mesmo em síntese, não deixa de ter rigor científico e aspectos essenciais.

Na introdução ao livro "Dez compositores portugueses", Manuel Pedro Ferreira traça "Trajectórias da música em Portugal no século XX", num "Esforço histórico preliminar". A referência aparece na página 47, num capítulo cujo tema é "A diferenciação das poéticas musicais (c. 1970-1980)" e onde o compositor cabeceirense é referido como «discípulo de Manuel Faria».

Para nós é claro que Joaquim dos Santos é o discípulo dilecto de Manuel Faira [M. F.], pela muito forte e duradoira relação pessoal, pela ajuda na prossecução dos seus estudos em Roma na década de 60 por parte de seu Mestre e por J. S. ter, entre outros exemplos, escrito a orquestração da Missa de Nossa Senhora de Fátima (cujo original é para coro e órgão); ter completado a Missa em Honra de Nossa Senhora do Sameiro (cujo original é para uma e duas vozes e órgão) apresentada assim para coro a 4 vozes mistas e orquestra de sopros e ter completado 12 Antífonas e salmos. Um trabalho perfeitamente natural e consentâneo com o conhecimento mútuo que detinham sobre as técnicas de composição que os levou a estarem juntos, por exemplo, na ideia e consecução da fundação da Nova Revista de Música Sacra, onde alguns desses salmos foram publicados.

Esta referência a M. F. é extremamente importante na vida e obra de J. S. já que, reportando-nos ainda à mesma referência bibliográfica de Manuel Pedro Ferreira,  M. F. será inserido na dinâmica das "inovações portuenses", através de "alguma modernidade harmónica no universo da música religiosa" e de uma "mais radical, mas também mais passageira" experimentação atonal - em comparação com Fernando Lopes-Graça (obra Canto de Amor e de Morte) e Joly Braga Santos (obra Sinfonietta), uma dinâmica surgida "na sequência de estudos com Goffredo Petrassi" (em que a obra Nove peças para orquestra é disso exemplo). Um compositor cuja obra foi muito apreciada por parte de J. S., do qual terá várias obras no seu espólio e apresentará traços comuns em algums das suas obras, como é disso exemplo o aspecto místico da 1ª peça In principio erat Verbum  (No princípio era o Verbo) de Prologus - 6 Impressões musicais do Evangelho de S. João ou a peça a ele dedicada e baseada no tema popular italiano “Fiore de Lino” que se encontra no livro “Canti della campagna romana” de G. Nataletti e G. Petrassi.

Outra caracterização feita a J. S. por parte Manuel Pedro Ferreira é a de um compositor dos que, no norte do País "afirmaram a sua personalidade criativa na década de 70", sendo um compositor "que se aplicou nos domínios da música litúrgica e da música instrumental de câmara".

É verdade que é a partir da década de 70 que podemos encontrar J. S. a compôr de forma mais sistemática e já com um estilo próprio, depois dos ensinamentos que obteve em Roma entre 1963 e 1969 no Pontifício Instituto de Música Sacra, numa altura em que já tinha apresentado algumas obras de música de câmara e para várias formações corais, tendência que se irá manter e aprofundar na década de 70 aquando das solicitações enquanto professor em diversas escolas e por dever de ofício na sua vida paroquial, sendo esta uma forma de desenvolver e aprimorar as suas técnicas e o seu ambiente sonoro.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Palestra de música portuguesa no século XX

Decorreu dia 12.12.12 a seguinte palestra.

Devo um agradecimento pelo convite endereçado por parte da casa Colégio Universitário da Boavista, a que espero ter estado à altura de tão prestigiada hospitalidade, proporcionando um bom serão musical.
Um obrigado aos ouvintes pelas suas perguntas pertinentes.
Um muito obrigado aos meus amigos presentes.
Zé, Um grande Abraço para ti, Amigo. Sem esta dupla maravilha isto não teria tido piada nenhuma!

Este palestra é dedicada à D. Mariazinha, 
ao Charles Rosen e 
ao Prof. Miguel Ribeiro Pereira.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Subsídios para uma palestra II

Pergunta-se-me qual é a minha previsão sobre a música no Ano 2000.
(...)
Que sei eu? Muito possivelmente, tão-só aquilo que os homens quiserem que ela seja, visto que, em última análise, são eles, os homens, que a fazem e é para eles que a fazem. A menos que os homens do Ano 2000 entendam que não vale mais a pena fazer música (já hoje, neste ano da graça de 1966, há tanta alminha para quem ela não tem a mínima significação, que muito bem sem ela passa...). Ou entendam que a música é uma arte que, embora gloriosa na sua história, passou... à história. Ou que , enfim, à música por eles mesmos feitos prefiram a velhíssima música das esferas, ou a novíssima música dos robots... Mas se ela, música, continuar a ser uma necessidade para esses homens do Ano 2000, natural será que eles a façam à sua imagem e semelhança, à imagem e semelhança dos seus sonhos, dos seus pensamentos, dos seus desesperos, das suas alegrias - se sonhos, pensamentos, desesperos e alegrias continuarem a ser o vero cerne do que no homem o torna verdadeiramente homem. E também de acordo com aquilo que sempre condicionou, estimulou ou renovou o processo artístico: o contexto social e o contexto técnico do momento.
E, assim, essa música do Ano 2000 será (...) muito naturalmente uma muito natural continuação da música do seu irmão barbado, o Ano 1000, contado este até às 0 horas do dia 31 de Dezembro de 1999. E como o trânsito de um milénio para o outro só será real no calendário e nas imaginações - pois que ao Tempo, contínuo na sua essência, tal trânsito é completamente indiferente - provável será também que, no dia 1 de Janeiro de 2000, a situação não difira grandemente da situação em que ela se achava na véspera. Provável ainda é que a música não seja una mas múltipla, isto é, como a dos Anos 1000, vária nos seus aspectos e manifestações, aos dodecafonistas, aos serialistas (ou o que então lhes equivala) opondo-se os tonalistas (ou o que então se entender por tal), os «concretos», os electrónicos, os aleatórios (a vingarem, e por que não?, estes modos de compor) fazendo negaças aos outros (como chamar-lhes? tradicionalistas?), aos que não seguem ou combatem esses modos de compor e a quem eles, os «concretos», os electrónicos, os aleatórios, chamarão possivelmente reaccionários, os compositores repartidos, como os seus pais e avós, em ala esquerda e ala direita, com um infalível centro, para garantia do equilíbrio e da estabilidade do mundo e das consciências... O pior é se aparecem, reincarnados, uns perigosos agitadores que se chamaram, por exemplo, Machaut, Gesualdo, Monteverdi, Rameau, Beethoven, Wagner, Debussy, Schönberg, Stravinsky ou Xenakis...
Então, adeus equilíbrio e estabilidade. Mas também se esses agitadores não voltarem, eles ou outros dos que são verdadeiramente o sal e o fermento da arte, poder-se-á conseiderar que a Música dos Anos 2000 é ainda, na realidade, uma entidade viva, dinâmica e prospectiva?

1966


A música no ano 2000, de Fernando Lopes-Graça
in Nossa Companheira Música, da colecção Obras Literárias, pela Editora Caminho, Lisboa

Subsídios para uma palestra

Do livro
O Discurso dos Sons, de Nikolaus Harnoncourt,
tendo como sub-título
Caminhos para uma nova compreensão musical, versão brazileira (Jorge Zahar Editor).
Ano 1984 - mas muitíssimo actual
com anotações da minha parte em parênteses rectos

Do capítulo Princípios Fundamentais da Música e da Interpretação, primeiro texto.


A música em nossa vida

Da Idade Média à Revolução Francesa, a música sempre foi um dos pilares da nossa cultur, da nossa vida. COMPREENDÊ-LA fazia parte da cultura geral.

Hoje, no entanto, ela tornou-se um simples ornamento que permite preencher noites vazias com idas a concertos ou óperas, organizar festividades públicas ou, quando ficamos em casa, com a ajuda dos aparelhos de som, espantar ou enriquecer o silêncio criado pela solidão. Donde o paradoxo: ouvimos, atualmente, muito mais música do que antes - quase ininterruptamente - mas esta, na práctica, representa bem pouco, possuindo não mais que uma mera função decorativa.

Os valores que os homens dos séculos precedentes respeitavam não nos parecem, hoje, importantes. Eles consagravam todas suas forças, todos seus esforços e todo seu amor a construir templos e catedrais, ao invés de dedicarem-se à máquina e ao conforto. O homem da nossa época dá mais valor a um automóvel ou a um avião do que a um violino, mais importância ao funcionamento de um aparelho electrônico do que a uma sinfonia. Pagamos preço bem alto por aquilo que nos parece cômodo, o indispensável; sem nos darmos conta, rejeitamos a intensidade da vida em troca da sedução enganadora do conforto - e aquilo que verdadeiramente perdemos, jamais recuperaremos.

Essa modificação radical da significação da música processou-se nesses últimos dois séculos com uma rapidez crescente. E ela fez-se acompanhar de uma mudança de atitude face à música contemporânea, aliás, face à arte em geral, porque, como a música era parte essencial da vida, ela tinha forçosamente que nascer do presente. Ela era língua viva do indizível e só os seus contemporâneos podiam compreendê-la. A música transformava o homem - tanto o ouvinte como o músico. Devia ser sempre criada com o novo, da mesma forma que os homens deviam construir para si novas moradas que correspondessem a um novo modo de existência, a uma nova modalidade de vida espiritual. Da mesma forma, já não se era mais capaz de compreender, nem de utilizar a música antiga, aquela das gerações passadas; contentava-se, então, de admirar-lhe meramente a perfeição artística.

Depois que a música deixou de ser o centro da nossa vida, tudo mudou de figura; como ornamento, ela tem que ser antes de tudo "bela". Não deve de forma alguma perturbar ou assustar. Só que a música, em nossos dias, não pode satisfazer tal exigência, porque, como qualquer arte, ela é o reflexo da vida espiritual do seu tempo, portanto do presente. Mas, numa confrontação honesta e séria com a nossa condição espiritual e intelectual, ela não pode ser apenas bela, já que intervém em nossa vida e, por isso, perturba.

Daí a contradição: nós afastamo-nos da arte atual por ser perturbadora, talvez pelo próprio fato de que a arte tenha de perturbar. Não estávamos, entretanto, buscando nenhum tipo de confrontação, só queríamos uma beleza que pudesse nos distrair do tédio do dia-a-dia. Assim, a arte - e a música em particular - tornou-se um simples ornamento e nós voltámo-nos para a música histórica, para a música antiga uma vez que, nesta, encontramos a beleza e a harmonia tão almejadas.A meu ver, esse retorno à música antiga - e por esta, entendo qualquer música que não tenha sido composta pelas gerações atualmente vivas - só se deu porcausa de uma série de terríveis mal-entendidos. Tudo o que consumimos é uma bela música que o presente não pode de forma alguma nos oferecer.

Ora, tal música, a simplesmente "bela", jamais existiu. Se a beleza é componente de toda e qualquer música, nós não podemos fazer disso um critério determinante, sob pena de estarmos negligenciando e ignorando todos os demais componentes. Mas, depois que deixamos de compreender, ou talvez que deixamos de querer compreender a música como um todo, foi-nos possível reduzi-la ao belo e, de certa forma, nivelá-la. Só que, ao torná-la apenas um componente agradável da nossa vida quotidiana, ficamos até incapazes de compreender a música antiga - aquela que chamamos realmente música - em sua totalidade, pois nesse caso já não podemos mais reduzi-la à estética.

[ nota: jamais existiu música bela, como assim a entendemos, também porque, em cada era, época, ela era composta de acordo com o resultado da sociedade vigente e sempre realçando todas as nuances, fosse de glória, admiração, guerra, maldição, medo, fúria, paixão, solenidade, humor, sarcasmo, despedida. Todos estes sentimentos e mais ainda sempre fizeram parte da música, para que esta os expusesse, sem preocupações em os tornar mais aprazíveis e menos propulsores e agregadores de agitação]

Encontramo-nos, hoje, portanto, numa situação praticamente sem saída: acreditamos no poder e na força de transformação da música [apregoa-se isto a toda a hora, os concursos da área baseiam-se nisto, os projectos sociais de agregação e suporte de fações da sociedade fazem-nos através da música e pela música], mas somos obrigados a constatar que, de modo geral, a situação intelectual da nossa época a retirou da sua posição central, impelindo-a para a periferia - era movimento e vida e, hoje, é algo simplesmente belo.

Não é possível, porém, conformarmo-nos com isso, eu diria mesmo que, se fosse obrigado a admitir a irreversibilidade da situação da arte, imediatamente deixaria de fazer música. Acredito, por conseguinte e com esperança cada vez maior, que dentro em breve todos nós vamos perceber que não podemos renunciar à música - já que esta redução absurda de que falo não passa, na verdade, de uma renúncia - e que podemos confiar na força da música de um Monteverdi, de um Bach ou de um Mozart e no que esta transmite. Quando mais nos esforçarmos para compreender e apreender esta música, mais percebemos o quanto ela ultrapassa a beleza e o quanto ela nos perturba e nos inquieta pela diversidade da sua linguagem.

E, no final, teremos de, através da compreensão da música de Monteverdi, Bach e Mozart [já para não citar Beethoven, Brahms Schubert, Schumann, Rachmaninoff, Saint-Säens, Liszt, Schostakovich, Shöenberg, Mahler, Wagner, Ligeti, Ives, Prokofiev, Pergolesi, Josquin des Prés, Haydn, Haendel, Lopes-Graça, Eurico Carrapatoso, Luís de Freitas Branco, João Pedro Oliveira, Fernando Lapa, Chopin, Scriabin, Rimski-Korsakov, etc. etc.], reencontrar a música de nosso tempo, aquela que fala a nossa língua, aquela que constitui a nossa cultura e a prolonga.

Muitas das coisas que tornam a nossa época tão desarmoniosa e tão terrível que não resultariam do fato da arte não mais intervir na nossa vida? Será que não nos reduzimos, vergonhosamente, sem qualquer fantasia, apenas à linguagem do DÍZIVEL?

Que teria pensado Einstein, que teria achado se não tivesse tocado violino? Não são as hipóteses audaciosas e inventivas frutos exclusivos do espírito de imaginação até que possam, posteriormente, ser demonstradas pelo pensamento lógico?

Não foi por coincidência que a redução da música ao belo, por conseguinte àquilo que é por todos entendido, se tenha dado à época da Revolução Francesa [1789]. Na história, sempre houve períodos em que se tentou simplificar a música, reduzindo-a apenas ao elemento emocional, de modo a torná-la compreensível por todos. Cada uma dessas tentativas fracassou, conduzindo a uma diversidade e a uma complexidade novas. A música só será por todos compreendida se for reduzida ao primitivo, ou se cada um aprender a sua linguagem.

A tentativa mais bem-sucedida de simplificar a música a fim de a tornar compreensível a todos deu-se em seguida à Revolução Francesa. Tentou-se, então, pela primeira vez, num grande Estado, colocar a música ao serviço de ideias políticas: o minucioso programa pedagógico do conservatório foi o primeiro exemplo de uniformização na nossa história da música. Ainda hoje, músicos são educados para a nossa música europeia, no mundo inteiro, através desses métodos e, por meio deles, se explica aos ouvintes que não é preciso saber música para compreendê-la - basta que a julguem bela. [há mais métodos existentes além do do conservatório, que, mesmo com grande divulgação, principalmente métodos específicos para certos instrumentos, se baseiam no essencial neste formato]

Desse modo, cada um se sente com direito e capaz de opinar sobre o valor e a execução de música - um ponto de vista que possivelmente se explica à música pós-revolução, mas que de forma alguma vale para aquela composta nos períodos anteriores.

Estou firmemente convencido de que é de importãncia decisiva, para a sobrevivência do espírito europeu, saber VIVER com a nossa cultura. Para tal, no que concerne à música, coloco duas condições:

Primeira. os músicos precisam ser formados através de novos métodos que correspondam àqueles de duzentos anos atrás. A música nas nossas escolas não é ensinada como uma língua, mas somente como uma técnica de prática musical: o esqueleto tecnocrático, sem vida.

Segunda: a formação musical deveria ser repensada e receber o lugar que merece. Assim, iremos perceber as grandes obras do passado por um novo prisma. aquele da diversidade que nos mobiliza e que nos transforma e que também nos prepara para absorver o novo.

Todos nós precisamos da música, sem ela não podemos viver.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Vasco Graça Moura

Artigo fundamental para perceber um pouco melhor o espírito criador e a história de vida literária de um decano viajante das artes através das letras e dos sons da nossa atmosfera.
Com a preciosa ajuda de Mafalda Gomes e Bruno Silva.

P. S. Quem estiver interessado pode contactar-me para aceder ao registo áudio da sessão.
O jornal na sua versão integral está disponível aqui.

domingo, 18 de novembro de 2012

Curta-metragem

A curta-metragem SENTIDOS – Solo Vila do Conde 

com BANDA SONORA DA MINHA AUTORIA!

será exibida em 3 datas, inserido no Festival FRAME Research 2012.


Mercado de Vila do Conde

19.11/ 16hrs
FNAC Sta Catarina
20.11/ 18hrs
FNAC Mar Shopping
27.11/ 18hrs
FNAC Norte Shopping

Caro leitor, está convidado!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cinematografia oferecida

Eu peço, desde já e de forma desusada, desculpas a Manuel António Pina mas a minha alma portuguesa precisa de uma frase de Fernando Pessoa para tentar criar um crónica que pelo tempo passou para melhor mostrar ao leitor que sensações e sentimentos perpassaram pelo cronista durante e depois da aberta visão que "De tanto bater o meu coração parou".
Isto porque antes é preciso lembrar a grande alegria por ser objecto de prenda d'aniversário este filme que recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim pela Melhor Música: Bach e Brahms


 


"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"
Uma relação conflitual, com remorsos do filho para o pai, mas muito amor de família, uma vida profissional cheia de adrenalina interrompida pela mais imaterial das artes, a quase Natureza ela mesma, de material transparente: o ar sonoro (Ferrucio Busoni).
Gosto de filmes (e livros e gente e comida e tanta outra coisa em francês), mas o tipo de foco de imagem utilizada, o balanço dos diálogos, nada me dizia.
Eis senão quando aparece o piano.
Já me aconteceram aulas com uma prof que fala numa língua que eu não entendo, mas com uma intérprete. A furiosa reacção é igual, principalmente quando a prof fala imenso e a intérprete nos dá 2 palavras e nós percebemos que ela nos chamou todos os nomes possíveis e imaginários.
Agora, o que acontece neste aluno da chinesa é pura obsessão, à boa moda romântica (nu, a meio da noite, a gravar-se), diletantemente querendo provar a si próprio que consegue tocar bem.
Tem, o filme, um ritmo extremamente veloz e um momento extremamente perturbador que corta isto: quando o filho vê o pai assassinado.
O fim deixa a dúvida e mesmo antes pensamos que não vai terminar bem.
Mas a música, o ideal, consegue milagres.
Obrigado pela lembrança desse ideal.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

domingo, 11 de novembro de 2012

Madame Butterfly - P.S.

Como nota ou Post Scriptum a este artigo devo mencionar que houve beleza singela nos vestidos brancos das mulheres que acompanhavam a personagem principal, Butterfly. Bem mais irrisórios foram os que compunham o guarda-roupa das restantes personagens, como os dos familiares de Butterfly e do Comissário Imperial.
O cenário, esse então, era muito pobre e só o facto de mostrarem alguns desenhos de luz por detrás da casa como se do horizonte distante vislumbrássemos algo indistino não suplantava a falta de haver algum jogo de luz para com o palco e a movimentação das personagens.

Todos ficaram apaixonados com o menino que fez de filho de Butterfly. Quieto q. b.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Melographia Portugueza

(Clique na imagem para ampliar.)

Crónica exclusiva a O Diabo.
Para mais informações, consultar o número 6 da revista Glosas.

Música Portuguesa

(Clique na imagem para ampliar.) 

Da responsabilidade de alguns jovens músicos, sediada em Lisboa, existe o  
mpmp - movimento patrimonial pela portuguesa.
A única revista especializada em música erudita portuguesa dirigida de e para músicos; com actualidade, crítica de concertos e de outras actividades, entrevistas e temas incontornáveis da musicologia.
Sem pretensões de grandeza, mas com noção do passado na imprensa do género.

sábado, 3 de novembro de 2012

Jornal

Artigo publicado no jornal regional dedicado aos temas da cidade de Ermesinde

(Clicar na imagem para ampliar.)

Na legenda da primeira imagem, deve ler-se "Imagem fotográfica da chegada de um comboio à estação de Caminhos-de-ferro da vila de Ermesinde, por volta dos anos 40" em vez de "Pintura de Ferreira da Silva".

O artigo foi enviado para a redacção do jornal A Voz de Ermesinde, no seu original, redigido sob a égide de uma ortografia pré-(des)acordo ortográfico, sendo a sua alteração/revisão da exclusiva responsabilidade dos seus elementos.
Agradeço à AVE a publicação deste artigo já em cima do prazo da hora de fecho desta edição.

Salientar de novo a ajuda do meu grande amigo Pedro Teixeira.

domingo, 7 de outubro de 2012

Madama Butterfly

Noite mágica no Coliseu.

Uma surpresa forte que arrebatou o público, que veio em massa a 28 de Setembro e encheu mais de 3/4 da sala; com o habitual atraso na hora de começo da Ópera, desta vez mais pequeno mas mesmo assim, reprovável.
Entra no fosso de orquestra um maestro diferente, José Maria Moreno, em vez do Director Artístico e Maestro Titular da Orquestra do Norte, José Ferreira Lobo. Uma positiva diferença que se ouviu desde o 1º instante.
Um pulso forte na orquestra, uma intensidade constante, mantendo-se nos momentos mais tranquilos, de transição ou de acompanhamento aos cantores; um equilíbrio entre os diversos naipes que unificava e transparecia mais atenção por parte dos músicos para com o dramatismo de uma história de Amor que acaba mal, por este não ser verdadeiramente mútuo.
Sem chegar a adormecer nos tempi (como noutras ocasiões desta orquestra), esta manteve um respeito pela partitura que ajudou aos cantores. E esse respeito significava uma visão do cantor, das suas liberdade interpretativas e não de uma vontade metronómica de avançar a história por parte da orquestra, prática corrente.

No 1º acto, registar a forma galhofeira de Carlos Guilherme (Tenor) própria do papel de Goro, o casamenteiro e uma constante sensação de uma voz gasta e muito esforçada.
A entrada muito segura, de à-vontade, como se já estivesse dentro da orquestra, do Cônsul Americano interpretado por Boris Martinovich (Barítono): uma voz fresca, sedutora e que dava confiança para confiarmos nas suas palavras italianas bem articuladas e nos seus actos.
O coro, da Companhia de Ópera do Porto, esteve sempre muito bem até aos acordes finais do seu canto de boca fechada, um trautear ou um murmúrio de uma melodia como se de longe e de forma simples viesse embalar-nos, mas que atinge um registo muito agudo no seu final e onde alguns elementos que desafinaram absurdamente, muitos a ficarem sem fôlego e com pouca convicção. Uma pena. Outra parte em que o coro é peça basilar correu bem melhor, onde elementos dispersos por espaços estratégicos no meio do público deram um diálogo contrapontístico de belo efeito, com uma tal sincronização que pareciam estar, ilusoriamente, junto ao Maestro.

Tivemos ainda no 1º acto, na cena do casamento, um Notário interpretado por Ernâni Zão (Tenor) muito solícito, com excelente noção do tempo para as suas entradas e com excelente coloração de voz, tal como boa presença em palco junto do Comissãrio Imperial de Alberto Silveira (Baixo). Um papel que praticamente nada tem de relevante, mas onde se vê quem tem confiança e quem estuda o seu papel em toda a sua orgânica e isso Ernâni Zão fê-lo com zelo.

Um público foi ao rubro com o dueto de Amor entre Butterfly e Pinkerton (respectivamente, Hiroko Morita-Soprano e Mário João Alves-Tenor), tal como com a cena em que Butterfly se despede do seu filho para se suicidar e limpar a face perante a família, com um punhal onde inscrito está "Morre com honra, quando for impossível viver sem honra".
Em tempos de aparente turbulência nas nossas vidas, como não deixar de pensar na nossa capacidade de dar sentido à vida, se até esta é também uma só aparente migalha no Universo Humano e Artístico?

É tão bonito ver pessoas que vão pela primeira vez à Ópera e que se emocionam de forma visceral. 
Dá que pensar.

Um grande amigo meu partilhou comigo uma frase que sintetiza de forma brilhante esta noite de Coliseu:

"Uma colher de caviar não mata a fome"

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Casa da Casinha

Em berço de pedra, o rumor da água
Abre a casa à luz, une-a com a Serra,
Colhe as cores da fragata e tudo reconduz.

Ao som - das ideias, da fé, das paixões,
da morte, da vida - No pulsar das veias,
Pleno de invenções, mora a poesia.

A arte supera as rugosidades
Íntimas do tempo, quando, em folha austera,
Guarda as claridades do encantamento.

Ó ser criador, a raiz acesa
Que te ergue a mão, herdou o fulgor
Da mãe natureza que recobre o chão!









 José Machado, Braga, 1999

Poema de homenagem a Joaquim dos Santos, alusivo à sua casa

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Postais


Voo - pastel seco s/ papel - poemas diversos no verso

Borboletas - pastel seco s/ papel - nome da espécie no verso
Espigueiros de Terras de Basto: Celorico, Cabeceiras e Mondim - Pintura a Águarela

Espigueiros de várias terras: Lindoso, Soajo, Caminha, Ponte da Barca, etc - Pintura a Águarela
 Belíssimos postais que tenho o gosto em poder divulgar, esperando que o leitor os possa apreciar.
Cada exemplar faz parte de uma colecção, cada postal por 1€.
Contactos: Filipe Cerqueira - filipetese@gmail.com
São da autoria de Carminda Andrade, pintora natural de Celorico de Basto e professora de Educação Visual e Tecnológica na vila de Gandarela
Estudou Desenho na ESAP - Escola Superior Artística do Porto
Estudou Design Industrial na ESAD - Escola Superior de Artes e Design em Matosinhos
Pássaros - Pintura acrílico s/tela - descrição da espécie no verso    
Motivos e paisagens da Vila de Celorico - Pintura em Águarela
Flores - Pastel seco s/papel - poemas de Florbela Espanca no verso
Sobrevoar - Pastel seco s/papel - poemas de Luís de Camões no verso
Solares de Basto - Pintura em águarela