Eu peço, desde já e de forma desusada, desculpas a Manuel António Pina mas a minha alma portuguesa precisa de uma frase de Fernando Pessoa para tentar criar um crónica que pelo tempo passou para melhor mostrar ao leitor que sensações e sentimentos perpassaram pelo cronista durante e depois da aberta visão que "De tanto bater o meu coração parou".
Isto porque antes é preciso lembrar a grande alegria por ser objecto de prenda d'aniversário este filme que recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim pela Melhor Música: Bach e Brahms
"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"
Uma relação conflitual, com remorsos do filho para o pai, mas muito amor de família, uma vida profissional cheia de adrenalina interrompida pela mais imaterial das artes, a quase Natureza ela mesma, de material transparente: o ar sonoro (Ferrucio Busoni).
Gosto de filmes (e livros e gente e comida e tanta outra coisa em francês), mas o tipo de foco de imagem utilizada, o balanço dos diálogos, nada me dizia.
Eis senão quando aparece o piano.
Já me aconteceram aulas com uma prof que fala numa língua que eu não entendo, mas com uma intérprete. A furiosa reacção é igual, principalmente quando a prof fala imenso e a intérprete nos dá 2 palavras e nós percebemos que ela nos chamou todos os nomes possíveis e imaginários.
Agora, o que acontece neste aluno da chinesa é pura obsessão, à boa moda romântica (nu, a meio da noite, a gravar-se), diletantemente querendo provar a si próprio que consegue tocar bem.
Tem, o filme, um ritmo extremamente veloz e um momento extremamente perturbador que corta isto: quando o filho vê o pai assassinado.
O fim deixa a dúvida e mesmo antes pensamos que não vai terminar bem.
Mas a música, o ideal, consegue milagres.
Obrigado pela lembrança desse ideal.
Como nota ou Post Scriptum a este artigo devo mencionar que houve beleza singela nos vestidos brancos das mulheres que acompanhavam a personagem principal, Butterfly. Bem mais irrisórios foram os que compunham o guarda-roupa das restantes personagens, como os dos familiares de Butterfly e do Comissário Imperial.
O cenário, esse então, era muito pobre e só o facto de mostrarem alguns desenhos de luz por detrás da casa como se do horizonte distante vislumbrássemos algo indistino não suplantava a falta de haver algum jogo de luz para com o palco e a movimentação das personagens.
Todos ficaram apaixonados com o menino que fez de filho de Butterfly. Quieto q. b.
Da responsabilidade de alguns jovens músicos, sediada em Lisboa, existe o mpmp - movimento patrimonial pela portuguesa.
A única revista especializada em música erudita portuguesa dirigida de e para músicos; com actualidade, crítica de concertos e de outras actividades, entrevistas e temas incontornáveis da musicologia.
Sem pretensões de grandeza, mas com noção do passado na imprensa do género.
Artigo publicado no jornal regional dedicado aos temas da cidade de Ermesinde
(Clicar na imagem para ampliar.)
Na legenda da primeira imagem, deve ler-se "Imagem fotográfica da chegada de um comboio à estação de Caminhos-de-ferro da vila de Ermesinde, por volta dos anos 40" em vez de "Pintura de Ferreira da Silva".
O artigo foi enviado para a redacção do jornal A Voz de Ermesinde, no seu original, redigido sob a égide de uma ortografia pré-(des)acordo ortográfico, sendo a sua alteração/revisão da exclusiva responsabilidade dos seus elementos.
Agradeço à AVE a publicação deste artigo já em cima do prazo da hora de fecho desta edição.
Salientar de novo a ajuda do meu grande amigo Pedro Teixeira.